Em uma visita denominada por ele mesmo como de ‘cortesia', José Maria
Marin passou por Belém na semana passada e foi recepcionado por uma
série de dirigentes, dentre eles, o presidente do Remo, Zeca Pirão, que
lhe entregou uma camisa comemorativa do clube alusiva ao tetracampeonato
mundial da seleção de 1994.
O encontro aconteceu na terça-feira. Na quinta-feira, o time paraense
recebeu uma ligação do gerente de marketing da Umbro, Eduardo Dal
Pogetto, pedindo que as vendas do uniforme fossem suspensas e que a
equipe não o utilizasse no clássico com o Paysandu, no domingo, conforme
previsto.
O motivo? Uma notificação extrajudicial por parte da CBF.
O
diretor de futebol do Remo, Thiago Passos, sorri com a coincidência.
"Te confesso que, pelo o que o advogado passou, teve relação direta (com
a lembrança ao Marin). Ele esteve na terça, foi presenteado com a
camisa e, na quinta-feira, recebemos o comunicado da Umbro".
No
mesmo dia, Atlético-PR e Chapecoense também foram alertados pela empresa
de material esportivo para não recorrerem aos modelos inspirados na
seleção brasileira até que a situação seja revertida. O Palmeiras, que
também entrou em campo com camisa semelhante produzida pela Adidas no
ano passado, é outro que corre risco. Em contato com a reportagem, o
advogado Gustavo Piva de Andrade, do escritório Dannemann Siemsen e que
presta serviços para a CBF neste caso, explica o imbróglio.
"A
situação (do Palmeiras e da Adidas) existiu, mas é uma questão que está
sendo examinada. Foi tratada internamente. Não posso dar mais detalhes
neste momento", diz ao ESPN.com.br.
A camisa palmeirense
homenageava o time do clube que representou o Brasil na inauguração do
Mineirão em 1965 e foi utilizada em jogo contra o São Caetano, pela
Série B. A novidade gerou a insatisfação da Nike, patrocinadora da CBF,
que cobrou da entidade uma medida para zelar pela exclusividade sobre o
uniforme da seleção. O mesmo aconteceu agora em relação à Umbro, porém,
não está descartado um acordo entre as partes.
"Estou confiante.
Acredito que fechamos isso em uma semana. A gente tomou conhecimento de
que essas peças (da Umbro) estavam sendo produzidas e comercializadas
três semanas atrás. Fizemos a notificação, mas ela demora um pouco para
chegar e para haver a resposta. Pedimos para a Umbro não usar mais a
camiseta com o desenho da seleção brasileira", afirma Gustavo Piva.
O
vice-presidente da Chapecoense, João Carlos Maringá, alega que o
uniforme foi confeccionado com o aval da CBF e estranha o movimento. Ele
deseja comercializar pelo menos todo o estoque existente nas lojas do
clube.
"Foi pedida a autorização da CBF. Não foi feito sem a
aprovação deles. O que aconteceu foi que a Nike reivindicou com a CBF e a
gente vai deixar para nossos advogados e a Umbro resolverem. Queremos
vender o restante do material que temos aqui", conta.
A entidade nega ter sido consultada a respeito. O Atlético-PR prefere deixar para as marcas se entenderem.
"A
Umbro tem a licença para comercializar nossos uniformes. Recebemos a
informação deles sobre esse modelo. Não fizemos nada. Só acatamos. É uma
situação entre a Umbro e a CBF", se esquiva Mauro Hollzman, diretor de
marketing rubro-negro.
Segundo o ESPN.com.br apurou, a empresa
britânica argumenta que a concorrente americana não conta com a
propriedade intelectual sobre o uniforme utilizado pelo Brasil na Copa
do Mundo de 1994. Procurada pela reportagem, ela preferiu não se
pronunciar a respeito. A Nike também não respondeu até o fechamento da
matéria.