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Sargento da PM é preso acusado de liderar grupo de agiotagem

23 de nov. de 2021

 


O Sargento da Polícia Militar, Ronie Peter Fernandes da Silva foi preso ao ser apontado como líder de uma organização criminosa que praticava agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro no Distrito Federal. O irmão do servidor, identificado como Thiago Fernandes, também foi preso por estar envolvido no esquema. 


Conforme apurado pelo jornal O Globo, a dupla mantinha uma lista denominada “Cobra Juros” com dezenas de contatos e datas de vencimento das quantias devidas por eles à organização criminosa. Em um aplicativo de conversas investigadores identificaram ainda mensagens com ameaças de morte. 

Detidos em operação que desarticulou a quadrilha na semana passada, os dois tiveram a prisão temporária convertida na última sexta-feira. Ronie está detido em um batalhão da PMDF, no Complexo da Papuda.
Na decisão expedida pelo juiz, Paulo Afonso Correia Lima Silva para justificar a prisão preventiva ele usou diálogos investigados pela Polícia Civil, em que o Sargento ameaça seu interlocutor de morte e afirma que vai "arrancar seus olhos na mordida" e "te arrancar os pedaços". 

"O Ali quer te matar também, você achou que eu não ia, eu vou atrás de tudo, de tudo, até onde você dorme aí na casa da Mari eu fui para dar o bote e você não tá na P2 não, eu vou te achar seu filha da puta e se ela tiver junto vai sobrar pra ela também, você tá sumido, eu vou te achar seu filho da puta, rouba um, ou vai pro quarto e se mata. Eu vou morder seu olho, vou arrancar seu olho na mordida, não vou só te espancar não, vou te arrancar os pedaços", diz a mensagem. 

Em sua decisão, ele argumenta que a medida serve para garantir a ordem pública e afirma que há indícios suficientes da autoria e da materialidade dos crimes imputados ao sargento e a seu irmão.

"Os crimes investigados revelam-se, por si sós, como fatores suficientes ao abalo à ordem pública, quer pela sobremaneira gravidade dos fatos, quer pela possibilidade de haver reiteração delitiva em caso de eventual soltura dos irmãos Ronie Peter e Thiago", escreveu o magistrado. "Consoante narrado em sede investigativa, os indiciados, ora representados, vêm atuando com grande poder sobre os seus devedores impelindo-os a realizarem o pagamento das dívidas sobre grave ameaça, quiçá já não exerceram de violência para obter os valores acordados de forma desarrazoada", emenda. 

Em outro diálogo, irritado pelo inadimplemento de um de seus devedores, o sargento da PM diz: "Vou aí pra matar o Diego Eugênio". As mensagens também sugerem que Thiago é o último recurso de Ronie para obter o dinheiro emprestado. O policial ainda afirma, nas conversas, que seu irmão é "ignorante", indicando que ele seria a pessoa mais violenta da organização, segundo os investigadores.

"Você não respeita, me pediu quinze dias que ficou trabalhando e vai contar com o cara?! Eu vou com o Thiago daqui a pouco aí, porque eu não tô aguentando não, é complicado viu?! Fico passando isso aí, você já viu como é que eu sou. E essa história de esperar negócio dos outros é complicado", diz em um dos trechos destacados pela decisão.

Nas investigações, a Polícia concluiu que durante as cobranças, o bando tomava veículos e exigia a transferência de imóveis dos endividados, de acordo com as apurações.

A estimativa é de que mais de 30 pessoas foram ameaçadas pela quadrilha, conforme conversas do aplicativo de mensagens dos suspeitos às quais os investigadores tiveram acesso. Os juros dos empréstimos variavam entre 8% e 40%, e dependiam do valor do empréstimo. De acordo com o delegado Fernando Cocito, quem pegava menos dinheiro emprestado, entre R$ 2 mil R$ 10 mil, tendia a pagar ágios mais altos. Em alguns casos, eles chegavam a ser diários.

A investigação revelou que os valores da agiotagem eram ocultados por meio da aquisição de veículos de luxo, registrados em nome de terceiros, bem como por meio de quatro empresas de fachada, sediadas em Águas Claras e Vicente Pires.

Somente nos últimos seis meses, o grupo criminoso movimentou mais de R$ 8 milhões. Também adquiriu oito veículos da marca Porsche, cada um com valor aproximado de R$ 1 milhão, nos últimos dois anos.