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O dragão da inflação começa a soluçar

10 de set. de 2020

 


Armando Avena - A tarde

Os preços dos alimentos estão em alta, assim como os preços nas lojas de material de construção, mas ainda não podemos falar em inflação. O conceito de inflação supõe aumentos de preços generalizados, permanentes e contínuos em vários setores da economia. Por isso, o que está ocorrendo atualmente parece ser um pico de demanda, resultado do auxílio emergencial, que aumentou o consumo de alimentos e material de construção nas classes de menor poder aquisitivo. E também do aumento na cotação do dólar, que era de R$ 4 em agosto de 2019 e pulou para R$ 5,46, um aumento de 37% que tornou muito mais vantajoso exportar do que vender no mercado interno, e isso com a China comprando o que vê pela frente.

A princípio, tudo indica que é um movimento pontual, uma “inflação da feira e do supermercado”, e que os preços tenderão a se reduzir quando houver a queda da demanda, até porque o auxílio emergencial vai ser cortado pela metade, a taxa de desemprego permanece alta e o varejo ainda se ressente de um certo grau de isolamento social. Mas, infelizmente, há outros fatores envolvidos e a inflação pode voltar. Em primeiro lugar, não há sinais de que a demanda vá refluir, pelo contrário, a maioria dos setores da economia está retomando as atividades, o setor industrial está crescendo, a construção civil está em alta, a classe média, que fez poupança forçada por seis meses, está pronta para ir às compras, e o crédito ao consumidor é o mais barato dos últimos anos. E qualquer economista sabe que taxa de juros real quase negativa, como a que o Brasil tem hoje, é estímulo ao consumo. Além disso, é preciso levar em conta que o dólar alto vai elevar o custo de vários setores e que a inflação dos alimentos representa 13% no cálculo do IPCA e pode disseminar a alta de preços pela economia. Para completar é preciso lembrar que o auxílio emergencial, mesmo pela metade, é um valor adicional que não existia antes da pandemia e que significa que o governo vai continuar colocando no mercado R$ 25 bilhões/mês cujo destino será o consumo.

Junte-se a tudo isso o fato de o governo federal ter colocado na economia, para fazer frente à pandemia, bilhões e mais bilhões de reais criados através de emissão de títulos, o que aumentou a base monetária, sem correspondente aumento da produção, o que significa uma massa monumental de dinheiro extra circulando na economia, nas mãos das pessoas e dos estados e municípios. Em suma, a âncora monetária se esfacelou e para que a inflação não retorne, ou o país permanece em recessão, ou o governo se agarra à âncora fiscal que é o teto de gastos.

A venda da Bahia Norte

A concessionária Bahia Norte, que administra as rodovias que interligam o Polo de Camaçari, o CIA, o Porto de Aratu, a região turística do litoral norte e o aeroporto de Salvador, foi vendida para o fundo paulista Monte Equity Partners. O fundo adquiriu as ações da Odebrecht e da Invepar, que detinham cada uma 50% do total. Foi um negócio da ordem de R$ 1,5 bilhão e, segundo o empresário Julio Zogbi, sócio-fundador da Monte, a empresa já manteve contatos com a Secretaria de Infraestrutura e a Agerba e a intenção é cumprir todas as metas estabelecidas na concessão e ampliar os investimentos em outras rodovias na Bahia. O grupo comprou também outras duas concessionárias pernambucanas.

PIB da Bahia cai 8,7%

O PIB da Bahia caiu 8,7% no segundo trimestre de 2020, em relação a igual período do ano passado, desempenho melhor que o nacional por conta do setor agropecuário, que cresceu 7,3% mesmo na pandemia. Mas o setor de Serviços, que representa cerca de 70% do PIB, despencou 11,5%, com a retração no turismo e de mais de 15% no comércio e nos transportes. A indústria de transformação caiu 12,8% e a construção civil reduziu seu PIB em 12%. A arrecadação de impostos caiu 15%, e, não fossem os recursos vindos da União, a situação seria difícil. E até o PIB do agronegócio caiu 2,4%. Mas isso é passado, o futuro já aponta crescimento na indústria, construção civil e, mais lentamente, no setor serviços.


Fonte:

http://atarde.uol.com.br/coluna/armandoavena/2138359-o-dragao-da-inflacao-comeca-a-solucar-premium