Ao menos duas pessoas ficaram feridas durante um conflito nesta quarta-feira (17) no território indígena Pataxó, em Porto Seguro, no sul do estado. Vídeos feitos pelos moradores mostram a região da aldeia Barra Velha sendo alvo de tiros. Ao CORREIO, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que está apurando o conflito e reforçou o policiamento ostensivo no local.
Por conta do ataque, cerca de 600 famílias precisaram deixar suas moradias e esconder na mata, segundo Agnaldo Pataxó Hã Hã Hãe, coordenador Geral do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba).
“Por volta das 15h eles me ligaram dizendo que os fazendeiros estavam fazendo um cerco nas aldeias Boca da Mata e Cassiana. Imediatamente fiz contato com as polícias de Salvador e com a Justiça para informar o que estava acontecendo”, disse Agnaldo.
A disputa entre os indígenas e fazendeiros, por terras demarcadas, já está em processo no Ministério da Justiça e também é investigada pela Polícia Federal.
“Me falaram que tinham duas pessoas mortas e alguns parentes feridos. Orientamos que todos eles deixassem suas casas e buscassem proteção em um lugar seguro. Estão todos escondidos na mata. Agora é pedir forças para que não achem e não matem ninguém”, explicou o representante indígena.
Informações obtidas pelo CORREIO apontam que dois policias militares, que trabalham como segurança para fazendeiros, também ficaram feridos no conflito e precisaram ser socorridos. Um dos PMs seria da reserva. Os dois foram levados para um hospital da região.
“Os tiros estão vindo tudo por cima das casas aqui na Boca da Mata. Estão atacando a aldeia. A escola está cheia de criança. Eles estão do outro lado do rio atirando e jogando bombas”, diz a mulher aflita.
Em outro áudio, a mulher diz que levou as crianças para os fundos do imóvel usado como escola e pede socorro. “Gente, tem que ter intervenção agora. Estão todos saindo de casa e indo para o mato. Tem muita criança na beira do campo e presa aqui na escola. A gente liga pra os pais e não podem socorrer os filhos”, completou.
Ainda de acordo com Agnaldo Pataxó, da Mupoiba, a tensão começou há cerca de 15 dias, quando os homens armados cercaram a região. Desde então, a população das aldeias está com dificuldade de ir até o centro urbano da cidade para conseguir suprimentos e até mesmo alimentos. “Fizemos uma campanha para conseguir atravessar o cerco, mas ficou muito difícil”, disse.
Em nota, a Polícia Militar informou que a 7ª Companhia Independente de Polícia Militar (7ª CIPM/Eunápolis), unidade responsável pelo policiamento na região, ainda não tinha confirmação sobre o conflito, pois além do difícil acesso, o local não possui sinal de internet.
O CORREIO entrou em contato com as polícias Federal e Civil, e o Ministério Público Federal, mas não obteve retorno até esta publicação. A SSP não confirmou a ocorrência de indígenas feridos ou mortos. Correio 24h