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Brasil tem 28 milhões de subocupados e 13 milhões de desempregados

29 de abr. de 2019

Especialista destaca que jovens são os mais prejudicados em crises - Foto: Bruno Aziz | Editoria de arte A TARDE
Próxima quarta-feira, 1º de maio, é feriado, data em que o mundo comemora o Dia do Trabalhador, mas por aqui o brasileiro parece não ter muito o que festejar. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já somos quase 28 milhões de subocupados (24%) – sendo 13 milhões de desempregados (12,4%), dez milhões trabalhando menos horas do que necessitaria, e cinco milhões de desalentados, ou gente que já perdeu a esperança em conseguir uma recolocação.

Pior: segundo especialistas ouvidos por A TARDE, de tão complicada, esta situação não deve se resolver assim tão rapidamente. “Havia uma expectativa de crescimento de 2% acima do PIB (Produto Interno Bruto), mas o mercado, pessimista, já prevê apenas 1%. Os empresários não enxergam melhoria (no ambiente econômico) e fica difícil imaginar que o desemprego vá cair em dois anos”, diz Renan De Pieri, professor de economia do Insper, escola superior especializada em negócios, economia, direito e engenharia.
Ainda segundo De Pieri, “seria um começo” se houvesse avanço na agenda de reformas – incluindo a da Previdência e a tributária –, investimentos em infraestrutura, mais acesso à qualificação, isso tudo sem o aumento de impostos. “Mesmo com o cenário positivo demora um tempo, de seis meses a um ano, para o empresário voltar a investir”.
O professor destaca que em momento de crise todo mundo é atingido, mas que, historicamente, o grupo formado por jovens é o mais prejudicado quando o assunto é demissão ou a não contratação. E diz que o empreendedorismo “por necessidade” tem sido a saída para uma grande parcela.
“É preciso (por parte do governo) investir em educação para melhorar a produtividade e criar políticas para formalizar essas pessoas (que estão empreendendo”, conta De Pieri.
Sócia da Talento RH, a recrutadora e especialista em recolocação Agda Lima destaca que o cenário atual está “fortemente influenciado pelas transformações tecnológicas” e que, com “a indústria 4.0 e todos os seus desdobramentos, profissionais, líderes e empresários devem estar conectados com as mudanças reais, atualizando-se de forma continua para conseguir protagonizar todas as fases que esta transição requer”, diz ela.
“Mudança de mentalidade”
“Os impactos serão constantes, e se não houver mudança de mentalidade, muitas empresas e profissionais terão perdas significativas. Hoje, com o desemprego, o empreendedorismo ganha mais espaço, mas ainda o que se observa é que há deficiência nas habilidades dos profissionais que fazem essa escolha, sem se preocupar com um planejamento adequado”, diz.
Ainda segundo Agda, uma mudança significativa e “que pode ser muito bem-vinda do ponto de vista de mercado” é a tendência à “pejotização” na hora da contratação. “Isso implica redução de custo para quem contrata e aumento das oportunidades para quem está em busca de uma proposta. Em paralelo, existe hoje uma exigência maior quanto às competências comportamentais dos candidatos, entre elas destaco a habilidade para resolução de problemas complexos, pensamento crítico, coordenação de time e inteligência emocional”, fala.
Para a psicóloga do trabalho, consultora em desenvolvimento pessoal (coach) e professora do curso de gestão de recursos humanos da Universidade Salvador (Unifacs) Sandra Rêgo, mais do que nunca é preciso quebrar um paradigma e falar mais em trabalho do que em emprego. Segundo ela, emprego é apenas uma das possibilidades existentes no mercado e que “muita gente já se refez e não espera mais voltar”, afirma.
“Não estou dizendo que empreender é fácil, assim como empreender não significa empresariar. Existem várias formas e tem gente se encontrando, que passou a fazer o que gosta, talvez em um outro ritmo, com mais qualidade. Em especial os mais jovens, gente na área de marketing, design, moda, comunicação, trabalhando em casa”, diz Sandra.
Sine Aberto
A professora também bate na tecla da capacitação e do “preparo emocional”. “É preciso maturidade e saber esperar”.
De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério da Economia, desde o último dia 29 a Secretaria de Políticas Públicas para o Emprego, estrutura da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, disponibilizou na internet o Sine Aberto. Na plataforma estão disponíveis os dados dos trabalhadores cadastrados no Sistema Nacional de Emprego (Sine).
Segundo a instituição, antes as empresas cadastravam as vagas no Sine, o governo localizava trabalhadores com o perfil desejado e compartilhava a informação com as empresas. Agora, as próprias empresas acessam os dados em busca de trabalhadores aptos para as vagas, por edital de chamamento público“.

Fábio Bittencourt