Fotos: Max Haack/ Ag. Haack
Ainda que, desde a chegada de Thomé de Souza, Salvador não tenha sido reconhecida como palco de batalhas homéricas - com a exceção, é claro, pela luta que marcou a Independência da Bahia -, nos últimos cinco anos a capital baiana se transformou num verdadeiro campo de disputa entre governantes. Não que brigas políticas não tenham acontecido em anos anteriores – vide as que aconteciam entre o falecido Antônio Carlos Magalhães e a ex-prefeita Lídice da Mata, apenas para não retornar a tempos ainda mais longínquos. É que, desde a reascensão do DEM com ACM Neto, o PT, que buscava o controle da capital baiana após conquistar certa hegemonia no âmbito estadual, acabou criando uma disputa palmo a palmo por espaços em Salvador, apesar de nunca ter governado a cidade. Se durante os dois últimos anos de Jaques Wagner à frente do governo da Bahia houve certo grau de civilidade nas relações entre os Palácios de Ondina e Thomé de Souza, a chegada de Rui Costa acendeu a disputa a níveis pouco corteses. Desde então, Neto e Rui trocam farpas pela imprensa e, quando presentes em eventos, se cumprimentam protocolarmente. São considerados virtuais adversários nas eleições de 2018. A disputa, todavia, não tem sido ruim para os soteropolitanos. E o volume de investimentos transformou a cidade não apenas num campo de batalha de entre gestores, mas também num imenso canteiro de obras.
Do lado do governo estadual, o carro-chefe da propaganda estatal vale-se do sistema metroviário Salvador – Lauro de Freitas. Rui já tentou, em 2016, transferir o capital político do projeto aos aliados dele que disputavam a prefeitura de Salvador. Somou ao metrô iniciativas como, por exemplo, a Avenida 29 de Março e o sistema viário que duplicou a Avenida Orlando Gomes. E aposta em intervenções como o VLT, no Comércio. No âmbito da saúde, construiu o HG2 e o Hospital da Mulher, ampliando as ofertas de leitos em Salvador. Já ACM Neto, que só no ano passado pode começar a contar com as benesses do governo federal, fez pequenas mudanças viárias, como a Avenida Jorge Calmon, em Cajazeiras, e promete para os próximos anos a construção do BRT entre a Estação da Lapa e a região do Iguatemi. Há muito aguardado, o Hospital Municipal também já começou a sair do papel e a expectativa é que a população ganhe um equipamento para minimizar os efeitos de uma cidade cuja desigualdade social é histórica e cujo desemprego é um fantasma presente no dia-a-dia de muitas famílias soteropolitanas. Aos 468 anos, o presente de Salvador não é dos governantes. É o futuro construídos por pessoas que, no momento, controlam o poder.
por Fernando Duarte