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Mãe descobre microcefalia em bebê depois de um mês de vida, no Ceará

24 de nov. de 2016
O filho de Cristiane Gaspar tem apenas um ano de idade e nasceu aparentemente saudável, após a mãe fazer todos os exames do pré-natal sem diagnosticar problemas. Foi quando completou um mês de vida que a jovem, influenciada por  notícias sobre microcefalia, filho atentou que o menino, apesar de não apresentar nenhum sintoma neurológico, tinha o crânio com circunferência de 33 cm, condição característica dos recém-nascidos com microcefalia quando surgiram os primeiros casos da doença relacionada ao vírus da zika. Hoje, um bebê é considerado portador de microcefalia quando tem circunferência igual ou inferior a 32 cm.
“O meu filho nasceu com 33 cm [de circunferência do cérebro], mas na maternidade onde ele nasceu os exames foram  todos normais, a minha alta foi normal. Antes do parto, o pré-natal foi tranquilo, minhas ultrassonografias todas foram normais. A descoberta [da doença] se deu a partir do início do surto, quando vi no noticiário da  TV e fiquei com aquela coisa na cabeça”, conta a mãe, universitária de 22 anos.

A mãe resolveu investigar e levou o bebê ao pediatra. O menino estava com um mês de vida. “O pediatra passou um ultrassom da cabeça, pois como a moleira ainda estava aberta a visualização seria melhor. O exame apresentou pequenas calcificações no cérebro, mas a microcefalia não foi diagnosticada”, conta.

O exame seguinte foi uma tomografia e mais uma vez, nenhum diagnóstico da doença. O pediatra pediu, então, que fosse feita uma ressonância magnética. “Neste exame, foi confirmado o diagnóstico de microcefalia. O laudo indicou que ele tinha pequenas calcificações e corpo caloso do cérebro reduzido”, explica a mãe.
O corpo caloso é uma estrutura cerebral que faz a conexão entre os dois hemisférios (direito e esquerdo) do cérebro dos seres humanos.  De acordo com os especialistas, lesões no corpo caloso podem provocar diversos problemas como dificuldades na orientação de direção, problemas relacionados à linguagem, dificuldades em reconhecimento de objetos visuais e dificuldades de diferenciação dos dois lados do corpo.
A descoberta da doença posterior ao nascimento fez do menino um dos casos analisados em estudo publicado pelos Centros de Controle e Prevenção das Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês). O descreve 13 casos - onde em em Pernambuco e dois no Ceará - de bebês cujas mães tiveram zika durante a gravidez. No Ceará, o estudo foi feito no hospital infantil Albert Sabin.
Os pesquisadores já sabiam que o zika podia causar problemas no desenvolvimento cerebral mesmo quando não havia sinais externos de microcefalia. Mas o novo trabalho é o primeiro a mostrar o desenvolvimento dos sintomas após o nascimento.
Cristiane não lembra de ter tido zika durante a gestação. "Cerca de 80% das pessoas que são infectadas pelo vírus zika não desenvolvem os sintomas da doença. Isso também ocorre em grávidas, que têm filhos aparentemente saudáveis, mas que só descobre a patologia ao acompanhar a redução do tamanho da cabeça dos filhos", explica o neurogeneticista do  Albert Sabin, André Luiz Santos Pessoa, um dos coordenadores do estudo no Ceará, com a coautoria da médica Erlane Marques Ribeiro, do mesmo hospital. 
Os especialistas identificaram 20 casos de bebês que nasceram aparentemente saudáveis no Ceará. O estudo apresenta o resultado  do acompanhamento de dois deles.  “Com o passar de poucos meses, por causa de malformações cerebrais, os bebês desenvolveram a microcefalia, crescimento da cabeça abaixo da média. Trata-se da microcefalia congênita”, explica o médico.
“Destes, 11 desenvolveram microcefalia mais tarde", afirmaram os cientistas. "Este crescimento anormalmente lento da cabeça foi acompanhado por sérias complicações neurológicas”. A pesquisa mostra, ainda, que todos os bebês  acompanhados tinham problemas de motricidade similares aos de uma paralisia cerebral.  Como os bebês foram observados durante o primeiro ano de vida, as deficiências cognitivas não puderam ser observadas. 
O neurogeneticista diz, porém, que a exposição ao vírus zika não é determinante para que os bebês desenvolvam a doença e o estudo não indica a incidência com que a microcefalia pode se desenvolver depois do nascimento.
Diante do resultado das pesquisas, os especialistas alertam para que os obstetras realizem tomografias cerebrais nos fetos expostos ao  vírus zika durante a gravidez e que alertem os pais para que façam o acompanhamento médico do desenvolvimento do bebê nos meses posteriores  ao nascimento. Os autores do trabalho são de 17 instituições brasileiras e americanas. G1