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Bailarina de Anitta, Thais Carla não pensa em bariátrica e revela propostas sexuais

12 de jan. de 2019

Bailarina de Anitta, Thais Carla não pensa em bariátrica e revela propostas sexuais
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

por Júnior Moreira Bordalo

Ser gordo (a) na forma como a sociedade atual está planejada é lidar diariamente com a gordofobia nas pequenas coisas. Tímidas são as ações pensadas para pessoas que estão fora do “padrão” pré-estabelecido pela indústria do consumo. É como se o pensamento fosse o seguinte: ‘Se você não é magro, o problema é seu”. Por isso, combater tal postura tem sido a bandeira levantada por gordos e gordas que conseguiram visibilidade, a exemplo de Thais Carla, dançarina e integrante do time de Anitta, que só no Instagram possui mais de 400 mil seguidores.

“Não pensam no conforto, pensam no dinheiro para colocar no bolso. Geralmente, vou para entrevistas, palestras e as pessoas colocam cadeiras plásticas e desconfortáveis. As pessoas não se preocupam com isso. Eu afronto, falo, faço cara feia. Se não gostou, me poupe. Avião, por exemplo, é o terror de qualquer gordo. É horrível se sentir incomodada por estar apertando uma outra pessoa”, aponta ao Bahia Notícias.

Gorda desde a infância, Thais começou a dançar aos quatro anos por influência da irmã. O objetivo da família era que ela emagrecesse, mas foi uma "missão não obedecida”, relata aos risos. Apesar da autoestima trabalhada, engana-se quem pensa que sempre foi assim. “Na adolescência escutei mais as pessoas me oprimindo. Não era só uma observação, sabe? Tipo, quando você fala alguma coisa para o bem do amigo. Era muita pressão para ser padrão. Minha família inteira é magra, só eu que nasci gorda. Então ouvia das pessoas: ‘doente’, ‘vai morrer’. Minha mãe me obrigava a fazer dieta, já tomei sibutramina (remédio para emagrecer) por conta disso”, lembra.

“Espirituosa”, como se define, atualmente diz viver a vida como sente vontade e ignora os ataques que recebe na internet por conta do seu peso. “Dou uma 'cagada' para tudo. Não adianta que não vai me oprimir. Pode falar o que quiser. Ninguém paga nada para mim, ninguém vive minha vida. Só sabem criticar. Não vivo para as pessoas. É isso que precisam se ligar. A minha alegria incomoda todo mundo, me olhar no espelho e falar: ‘Você é foda para caramba’ incomoda as pessoas”, constata.

Questionada se realmente se “acha foda para caramba”, ameniza. “Não acho, pois tenho muita coisa para aprender na vida. É uma autoafirmação para ter confiança. Para chegar até aqui, passei por muita coisa. Nunca me vi uma menina feia, sempre me achei bonita e feliz. Contudo, essas declarações servem para enraizar isso. Eu sou a exceção da exceção. Gordas maiores sofrem muito preconceito”, atenta.

Talvez, por isso, tenha se tornado uma das maiores defensoras do chamado movimento #BodyPositive, que, em suas palavras, quer dizer: “Falar sobre seu corpo com tranquilidade. É você se olhar e se reconhecer como a pessoa linda que é. Pelo menos, entendo assim. Todos nós temos uma beleza diferente e lutar com isso é saber que seu corpo é positivo. Não tem nada de errado”. Para isso, recorre com frequência às postagens de fotos enaltecendo suas curvas. “A gorda maior ainda é vista como doente, como alguém que não se ama, que se odeia. ‘Para estar gorda desse jeito, ela deve se odiar’. Acho que batendo, batendo, uma hora vai melhorar. Não vou dizer que vai acabar, mas aos poucos está mudando. Meu sonho era que todos se ajudassem”, deseja.

Apesar de demonstrar tanta segurança com o corpo e se dizer 99% com tudo que já conquistou, Thais revela que já cogitou realizar uma cirurgia bariátrica, mais conhecida como “redução de estômago”. A decisão foi tomada quando tinha 16 anos, lá em 2007, porém recuou. “Não estava acontecendo nada naquela época na dança e meu pai já estava vendo para eu fazer pelo SUS. Só que em seguida apareceu o ‘Se Vira nos 30’ do Faustão e voltei atrás. Acho que não era para fazer mesmo. Hoje, não faria. Não penso nisso”, enfatiza.

ALVO DE FETICHES
Outro ponto que pessoas gordas lidam para viver em sociedade é a dificuldade de estabelecer laços afetivos e sexuais transparentes. Por conta da imposição na padronização do corpo, muitas pessoas se sujeitam a viver relações escondidas, geralmente motivadas pela vergonha do parceiro (a) em assumi-las. Thais disse que nunca sentiu isso na pela, mas confessa que é sempre alvo de desejos “escondidos”. “Já recebi e-mail de caras querendo me pagar R$ 15 mil para transar. Muitos homens gostam de mulheres gordas, mas casam com as magras porque esse é o ‘certo’, é ‘bonito’. Se eu quisesse fazer programa, estaria rica. Já conheci muitas pessoas que eram casadas e a família nunca conheceu seus pares. Elas ficam em casa, pois têm vergonha de encarar o mundo e assumir esse amor”, lamenta.

Para quem está nessa situação, manda o seguinte conselho: “Conversar consigo mesmo e encontrar uma forma de se libertar. Vai ser difícil, vai achar que o mundo caiu, mas tudo só depende da gente para ser feliz. Ninguém vai fazer o outro feliz, só você. A gente não pode aceitar pouco, a gente é muito”, encoraja.

ANITTA E O OURO
Como dito no início, Thais integra o ballet da cantora Anitta e tal fato foi fundamental para a expansão do seu nome pelo Brasil. Ela trabalha com a poderosa há dois anos, mas antes já tinha ganhado o quadro “Se Vira nos 30” do Faustão e integrou por quatro anos o elenco do programa “Legendários” da Record. Com a artista, sua participação é direcionada para shows maiores, como o Rock In Rio Lisboa em 2018, e participação em programas de TV. “Tudo que ela toca vira ouro. Vou para show grande. Mudei meu hábito profissional de dançar para acompanhar a rotina”, confessa.

A dançarina confessa que às vezes ainda nem acredita que integra o time da artista. “Falaram tanto que eu não iria conseguir, mas nunca desisti. Foi algo que busquei muito, porém foi natural. Não fiz a louca para conseguir as coisas. Tanto que veio como um convite”, orgulha-se. Quanto às críticas que a patroa recebeu por incorporar dançarinas plus em seu ballet, Thais declara: “Acho que ela tentou revolucionar, abrir portas para outras pessoas. Quis mostrar que existem outras opções, que não tem só um padrão. Acho que quando você pensa diferente, as pessoas só querem criticar, pois querem que você seja um ‘robozinho’. Anitta enxerga muito além”.