PSDB recicla vídeos para campanha de Alckmin sem consultar criadores - Jaguarari Acontece

Mobile Menu

Top Ads

Últimas Noticias

logoblog

PSDB recicla vídeos para campanha de Alckmin sem consultar criadores

11 de set. de 2018

PSDB recicla vídeos para campanha de Alckmin sem consultar criadores
Foto: Reprodução/ YouTube

Assistir ao programa de Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à Presidência da República, na televisão e na internet pode dar ao espectador uma sensação de déjà vu. Dona do maior tempo de TV e de quase metade do fundo partidário destinados aos partidos políticos, a candidatura do tucano tem apostado na reciclagem de campanhas.

Em pelo menos duas peças, Alckmin reproduziu ideias de comerciais existentes. Foi o caso do primeiro e um dos mais impactantes vídeos do candidato tucano, lançado na internet no dia 30 de agosto.

Cópia de uma campanha britânica contra o desarmamento, lançada em 2007, a propaganda é um ataque a Jair Bolsonaro (PSL), defensor do armamento dos cidadãos. A peça mostra uma bala atingindo objetos, como um copo, frutas e livros, com as palavras saneamento básico, desemprego, analfabetismo e fome. Ao fim do vídeo, o projétil para e surge a imagem de uma menina.

"Não é na bala que se resolve", conclui a propaganda.

"Conheça o primeiro filme da nossa campanha! Baseado no comercial "Guns kill:Kill guns", a peça fala de como os problemas não serão resolvidos na "bala", publicou a conta oficial de Alckmin no dia do lançamento, no Twitter.

A versão que entrou no ar na televisão, um dia depois, em 31 de agosto, também dá crédito para a campanha britânica, lançada em 2007.

"O mais decente seria eles terem nos consultado. A campanha é realmente muito parecida", afirmou à reportagem Gary Walker, um dos criadores da peça original. "Mas fico feliz que a mensagem que passamos seja forte o suficiente para ser reproduzida", completa.

Walker não sabia da reprodução feita pela campanha tucana. Avisado pela reportagem, assistiu ao vídeo, que tem a mesma trilha da versão original, da ópera Norma, de Vincenzo Bellini."Ficou muito bom. Acho até que eu faria algo igual", ironizou. Segundo Walker, seu parceiro na produção, o publicitário Huw Williams, tampouco foi avisado da cópia.

"A campanha respeita rigorosamente a legislação brasileira, inclusive no que se refere aos direitos autorais das peças produzidas. Dessa forma, não há nenhum tipo de plágio, como evidencia o filme", afirmou a campanha do PSDB.

O caso não foi o único em que a coligação que apoia Alckmin buscou uma propaganda antiga para replicar uma ideia. Em um vídeo publicado na internet na última semana, os tucanos fizeram outro ataque a Bolsonaro.

A peça começa com uma imagem desfocada. Um locutor cita características de um personagem. No início do vídeo não há a informação sobre a identidade dele, até que surge a imagem de Hugo Chávez (1954-2013).

"Um presidente militar para por ordem no país. Foi assim que escolheram Hugo Chávez na Venezuela. E deu no que deu. Inflação de 1.000.000%. Aumento na pobreza. Mais de um milhão de venezuelanos refugiados. Judiciário rendido. Aniquilação de qualquer oposição", diz o vídeo, numa referência ao ex-capitão do Exército, candidato do PSL.

A peça é muito parecida com uma propaganda da Folha de S.Paulo. No comercial de 1987, o locutor descreve personagem que não é revelado no início do vídeo. A imagem, assim como na propaganda tucana, começa com um zoom, desfocada. A identidade do personagem -Hitler- é revelada apenas do final.

Em outro vídeo, Alckmin encerra a defesa da ampliação do programa Bom Prato, de restaurantes populares, citando frase do sociólogo Herbert José de Sousa, o Betinho: "quem tem fome, tem pressa". Novamente, não foi dado crédito. Questionada, a assessoria do PSDB não respondeu sobre a divulgação dos créditos.



por Paulo Passos | Folhapress