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PF investiga líderes de seita religiosa que teriam escravizado fiéis na Bahia

6 de fev. de 2018

A Polícia Federal, com o apoio do Ministério do Trabalho, deflagrou na manhã desta terça-feira (6) a “Operação Canaã – A Colheita Final”. A ação acontece na Bahia, Minas Gerais e São Paulo, e conta com 220 policiais federais e 55 auditores fiscais do Ministério do Trabalho.
Segundo a Polícia Federal (PF), o objetivo é dar base à investigação que apura crimes de redução de pessoas à condição análoga à de escravo, de tráfico de pessoas, estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Eles teriam sido cometidos por líderes da seita religiosa conhecida como “Comunidade Evangélica Jesus, a Verdade que Marca” que atuava em municípios mineiros, baianos e paulistas.
Policiais federais cumprem 22 mandados judiciais de prisão preventiva, 17 mandados judiciais de interdição de estabelecimento comercial e 42 mandados judiciais de busca e apreensão, todos expedidos pela 4ª Vara Federal em Belo Horizonte/MG. 
Segundo a PF, desenvolvida com a participação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do M.T.E, a investigação aponta que dirigentes da seita religiosa teriam aliciado pessoas em sua igreja em São Paulo/Capital, convencendo-as a doarem todos os seus bens para as associações controladas pela organização criminosa. Para tanto, teriam se utilizado de ardis e doutrina psicológica, sob o argumento de convivência em comunidades, onde todos os bens móveis e imóveis seriam compartilhados.
A polícia explica que, depois de devidamente doutrinados, os fiéis teriam sido levados para zonas rurais e urbanas na Bahia (Ibotirama, Luiz Eduardo Magalhães, Wanderley e Barra), em Minas Gerais (Contagem, Betim, Andrelândia, Minduri, Madre de Deus, São Vicente de Minas, Pouso Alegre e Poços de Caldas), e em São Paulo (Capital). Nestes locais, as vítimas teriam sido submetidas a extensas jornadas de trabalho, sem nenhuma remuneração. Eles trabalharam em lavouras e em estabelecimentos comerciais dos mais variados tipos, como oficinas mecânicas, postos de gasolina, pastelarias, confecções etc.
Por meio da apropriação do patrimônio dos fiéis e do desempenho de atividades comerciais sem o pagamento da mão-de-obra, a seita teria acumulado vultoso patrimônio, contando com casas, fazendas e veículos de luxo. Atualmente, estaria expandindo seus empreendimentos para o estado do Tocantins, baseados na exploração ilegal.
A investigação teve início em 2011, quando a seita estava migrando de São Paulo para Minas Gerais. Em 2013, foi deflagrada a “Operação Canaã”, com inspeções em propriedades rurais e em algumas empresas urbanas. Em 2015, foi desencadeada sua segunda fase: “De volta para Canaã”, quando foram presos temporariamente cinco dos líderes da seita. A deflagração de hoje representa a terceira fase da Operação, com a prisão preventiva de 22 líderes da seita, que poderão cumprir até 42 anos de prisão, se condenados.
O nome da Operação é uma referência bíblica à terra prometida.